sábado, 10 de dezembro de 2011

BRIC compensa EUROZONA no mercado publicitário?

Nelson de SÁ da FSP, apresenta um tema espinhoso: os BRIC devem compensar as receitas perdidas na Europa e EUA. Será?

O "New York Times" reporta, da conferência UBS de mídia e comunicação global, em NY, que o presidente do grupo WPP, "maior holding de agências de publicidade do mundo", Sir Martin Sorrell, "expressou relativo otimismo para o próximo ano". Os primeiros dados de novembro, diz ele, são "mais fortes do que prevíamos". Nos EUA e Europa, as empresas decidiram não expandir produção, mas "estão elevando os orçamentos para publicidade de marca":
E em mercados de rápido crescimento como Brasil e China existe umduplo feitiço, com as empresas investindo tanto em adicionar capacidade como em elevar os gastos com publicidade.  
No dia anterior, na conferência, "todos" os executivos de comunicação focaram os Brics ao fazerem suas previsões, "explicando como o crescimento dos gastos em publicidade [de Brasil, Rússia, Índia e China] compensaria a fraqueza na Europa e salvaria os resultados mundiais em 2012".
A exceção foi o presidente da Viacom, Philippe Dauman, que enfatizou o crescimento nos países que chamou de "Bri", pronunciando "brie", para Brasil, Rússia e Índia, deixando de fora a China, pela pirataria e pelas barreiras para empresas de conteúdo como a Viacom.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Há valor econômico em comentários em notícias ?


Devemos repensar a mídia. 

Faz dezoito meses que pesquiso e visito blogs e site de notícias. Um veículo importante pediu um estudo sobre novas formas de monetizar o conteúdo jornalístico.
Para entender como seria possível encontrar novas formas de remunerar o conteúdo, realizei pesquisa com 120 blogs de jornais e revistas. Procurei me concentrar naqueles 87% de blogs e colunas que permitiam comentários. Sendo que apenas 7% interagiam com os participantes. Isto já é uma conclusão: as mídias continuam gerenciadas de modo unidirecional.
Não entenderam como será o processo no futuro: interação será fundamental.
A premissa do estudo é que há valor econômico no comentário, pois:
 * é preciso moderar – portanto gasta-se tempo do jornalista;
 * o blog é juridicamente responsável pelos comentários e
 * o comentarista tem publicidade de suas ideias.
Alguns achados da pesquisa:
1) 62% dos leitores, imediatamente após a leitura de uma matéria de seu interesse buscam os comentários. Há indícios que em alguns casos os comentários são mais relevantes (para os leitores) que a própria notícia (estou investigando essa hipótese);
2) 8% dos leitores que leem notícias sobre cotidiano, política e esportes fazem questão de comentar a notícia.
Uma das conclusões é que poder interagir é o novo valor econômico no jornalismo.
Por outro lado também há valor econômico nos comentários e, portanto, deveriam remuneraros comentaristas, pois:
(estas hipóteses são méritos do Roberto TAKATA, num debate no NEF)
>> Complementam ou corrigem a informação;
>> Representam audiência ao blog e dão informação demográfica;
>> Estabelecem vínculos duradouros e uma comunidade de comentaristas.
Agora ficamos sabendo por NELSON DE SÁ (FSP) que o Wall Street Journal está lançando  o WSJ Social, que filtra o conteúdo do jornal para criar um produto “dentro das paredes do Facebook”. Os usuários escolhem os assuntos que querem seguir “e isso determina o que vão ver”. Segundo Maya Baratz, chefe de novos produtos do jornal, “no WSJ Social todo usuário é um editor”.
É muito difícil para as cabeças hierárquicas nas mídias entenderem que a assimetria de poder na edição de notícias está se reduzindo. Isso não significa mais qualidade, significa que é uma tendência. Ponto.
O Wall Street Journal criou uma sinergia com objetivos estratégicos do Facebook, de oferecer conteúdo noticioso para manter as pessoas no site. Em suma, ser a porta de entrada, uso e de saída internet.
Os editores de conteúdo precisam entender que parte da remuneração jornalística, virá da interação editor-leitor e leitor-leitor. E os donos dos veículos perceberão que parte da audiência está disposta a pagar por isso.
Uma conferência para desenvolvedores de conteúdos interativos – que possui organizações como CNN, Washington Post e Huffington Post - está debatendo justamente o assunto.
NELSON DE SÁ vai direto ao ponto ao pinçar um comentário de Jeff Bercovici, da Forbes:
O Facebook é amigo das empresas jornalísticas ou seu rival? A matemática é cruel: quanto mais tempo os consumidores passam no Facebook, menos tempo têm para os sites de notícias. Agora o “WSJ” tem o que acredita ser uma resposta ao problema.
O  Twitter  também percebeu o fenômeno: 50 milhões de usuários acessam TODO DIA o  Twitter para compartilhar seus pensamentos e descobrir o que está acontecendo no mundo.
Essa mudança drástica no comportamento no uso da mídia é uma das saídas para viabilizar conteúdo de qualidade.
Poucos veículos já perceberam esse caminho.

A interação deve ter valor econômico



Prof Ramiro Gonçalez - FIA
Inteligência de mercado e mídia
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Autor: Mídias e Negócios e QUE CRISE É ESSA?



segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Inversão de Expectativa como Técnica Fixação de Mensagens

O teórico da informação Claude Shannon publicou em 1948 as bases da Teoria da Informação num artigo científico intitulado A Mathematical Theory of Communication .
Seu enunciado mais importante foi a quantificação da informação num ENUNCIADO MATEMÁTICO, resumido na frase (uma redução sintética do conceito):
“a quantidade de informação num evento é inversamente proporcional a probabilidade dele ocorrer”.

Traduzindo em termos simples: menos provável, maior a quantidade de informação contida num evento. Exemplos clássicos desta proposição são a morte de Ayrton Senna e a Queda das Torres Gêmeas. Muitas pessoas não se lembram o que fizeram domingo retrasado, mas se lembram extatamente onde estavam (e o que faziam) quando receberam a notícia da queda das torres gêmeas. É disso que trata a tese de Shannon.

Os eventos improváveis carregam uma enorma quantidade de informação. O contrário também é verdade: eventos prováveis (conhecidos) carregam pouca informação. Exemplo simples é o fato de poucas pessoas lembrarem do trajeto que fizeram da escola para casa ou para trabalho. Simplesmente por ser repetitivo (conhecido) este é evento é muito provável e portanto carrega pouca informação.

Shannon foi o primeiro a sistematizar A Teoria da informação como um ramo da probabilidade e da estatística que lida com sistemas de comunicação. (não confundir com tecnologia da informação).
No processo de desenvolvimento de uma teoria da comunicação que pudesse ser aplicada por engenheiros para projetar sistemas de telecomunicação melhores, Shannon criou uma medida “ENTROPIA”, definida como logaritmo do grau de caoticidade da distribuição de probabilidade:


 H(X) = -\sum_{x \in \mathbb{X}} p(x) \log p(x)


Confuso? Basta entender que essa caoticidade é a improbabilidade do evento ocorrer. No exemplo dado: Existe maior caos que a queda das torres gêmeas? Isso é a entropia.

NA PRÁTICA, COM FUNCIONA?
Muitos publicitários e comunicadores utilizam a teoria aplicada na prática, construindo a INVERSÃO DE EXPECTATIVA como forma de aumentar o impacto (quantidade de informação) numa mensagem. Os melhores humoristas conhecem a técnica e a utilizam na criação de piadas. O discurso é construído de tal forma a levantar a hipótese do evento mais provável ( a mente é direcionada a construir um  final da piada") e de repente um fato novo inverte a lógica da narrativa causando o riso e a gargalhada.
É o final improvável da piada que a torna engraçada.


Prof Ramiro Gonçalez - FIA
Inteligência de mercado e mídia
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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

As mudanças estão chegando. Quem não se preparar...

Adiantamos aqui no blog no tópico "UMA DISPUTA SILENCIONA NAS MÍDIAS" que haveria mudanças no setor de plataformas de MÍDIA
A FOLHA DE SÃO PAULO de hoje 17 agosto, traz matéria (vejam a integra - apenas assinantes)
Estamos ou não debatendo um assunto pertinente e atual?
Christian: lembra de nosso debate na Livraria Cultura sobre acesso a capitais externos nas mídias?(item 1)
Milena: Produção de conteúdo nacional. Lembra que comentamos que o pessoal do DISCOVERY nos procurou na USP para documentário mundial para os preparativos da copa? (item 2)
Patriarca: como havíamos debatido a convergência não é tecnológica, é de modelos de negócios (3)

Congresso libera TV a cabo para as teles



Com a mudança, as operadoras de telefonia fixa vão poder controlar empresas de televisão por assinatura Nova lei também acaba com restrição a estrangeiros; Embratel poderá assumir Net, e Telefônica, a TVA
SOFIA FERNANDES
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

O Senado aprovou ontem o projeto de lei que abre o mercado de TV a cabo para as empresas de telecomunicações(1) nacionais e estrangeiras e define (2) cotas nacionais de programação.
O texto vai a sanção presidencial. O projeto unifica a regulamentação de (3) TV por assinatura, seja via satélite, cabo ou micro-ondas, e derruba a legislação específica para TV a cabo hoje em vigor.
A atual lei do cabo proíbe que teles estrangeiras controlem TV a cabo. As nacionais também eram proibidas, mas a Anatel estava mudando essa determinação.
Agora, as teles ficarão legalmente liberadas para controlar empresas do setor. Com isso, o governo espera ampliar a competição de TV por assinatura, baratear o serviço e usar o negócio como um vetor de crescimento de conexões à banda larga.
As empresas de telefonia fixa poderão vender os chamados "combos" de TV paga, telefone e banda larga. O projeto, porém, mantém as teles fora do processo de produção de conteúdo.(QUEM FARÁ O CONTEÚDO?)
O projeto de lei define ainda cotas para produção nacional. Os canais deverão veicular três horas e meia por semana de conteúdo produzido no Brasil das 18h às 22h.
Há ainda a determinação de que metade da cota nacional seja produzida por empresas que não sejam vinculadas a grupos de radiodifusão (quem fará?). Será um total semanal de uma hora e 45 minutos de programação independente.
O texto, que tramitava havia quatro anos, determina à Ancine a função de verificar o cumprimento dessa meta de veiculação de conteúdo brasileiro e independente. O papel da agência foi a principal crítica da oposição.
O senador José Agripino Maia (DEM-RN) afirmou que, apesar de votar a favor do projeto, entrará com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a atribuição de tarefas à Ancine.
O relator do projeto, senador Walter Pinheiro (PT-BA), afirmou que não há delegação de funções novas à Ancine, que já tem a tarefa de regulação do setor.
O texto foi aprovado no Senado sem modificações. O projeto acaba com o limite de participação estrangeira no setor de TV a cabo no país, que era limitado a 49%.

CONSOLIDAÇÃO
O mercado já aposta em mudanças no setor com a aprovação da lei. O negócio mais esperado é a troca de comando na Net, hoje controlada pelas Organizações Globo. O empresário mexicano Carlos Slim e dono da Embratel, sócio na TV a cabo, deve assumir o controle da empresa.
A Telefônica deverá assumir o controle da TVA. Para a empresa, o cliente ganhará com a maior concorrência. "O principal beneficiado será o consumidor, que terá à disposição um leque maior de opções de provedores ofertando TV por assinatura", diz a empresa. Net e Oi não se pronunciaram.

Colaborou ALESSANDRA KIANEK, de São Paulo

terça-feira, 16 de agosto de 2011

3a Debate : MODELOS DE NEGÓCIOS e FUTURO DAS MÍDIAS

Faremos uma palestra debate com professores da ECA USP e coordenado por - Arthur Matuck .Pena que Rahdfaerer que inspirou muitas das questões não poderá participar.
Vejam detalhes do 3o debate (os outros dois foram na FEA USP):


Data: 16 agosto de 2011
Local: Escola de Comunicação e Artes - Auditório CRP
Horário: 19:00 - 22:00h
Disciplina: Comunicaçao Digital e Novas Midias com enfase nas redes - Coordenação Arthur Matuck



Título e conteúdo do debate - palestra

MODELOS E SOLUÇÕES DE NEGÓCIOS NAS MÍDIAS

“As plataformas ON LINE capturam audiência das plataformas OFF LINE, mas não trazem receitas na mesma proporção”.
Debatedores:
Milena Seabra - Diretora de Marketing GRPCOM PR
Christian Marra, Diretor da Nethics
Roberto Patriarca - Diretor Panejamento HSBC


As conseqüências são dramáticas: queda da remuneração aos produtores de conteúdo, disfuncionalidade nos modelos de negócios de veículos, redução na qualidade do conteúdo produzido e a proliferação do jornalismo gratuito. Por outro lado é inegável o potencial colaborativo e a geração de conteúdo descentralizada na WEB.
Como administrar um negócio de mídia sustentável?


Prof Ramiro Gonçalez

domingo, 7 de agosto de 2011

Livro debate MODELOS DE NEGÓCIOS NAS MÍDIAS

Acaba de ser lançado o livro onde há um estudo qualitativo e quantitativo a respeito dos MODELOS DE NEGÓCIOS e AS NOVAS PLATAFORMAS DE MÍDIA.
O pressuposto inicial é tentar responder uma questão paradoxal:
“As plataformas ON LINE capturam audiência das plataformas OFF LINE, mas não trazem receitas na mesma proporção”.
As conseqüências são dramáticas: queda da remuneração aos produtores de conteúdo, disfuncionalidade nos modelos de negócios de veículos, redução na qualidade do conteúdo produzido e a proliferação do jornalismo gratuito.

O livro traz possíveis alternativas e busca uma análise para conciliar essas plataformas num modelo de negócios sustentáveis.
Abaixo a sinopse do lançamento realizado em 3 agosto, na Livraria Cultura.

Autores: Paulo Faustino e Ramiro Gonçalez
A obra Gestão Estratégica e Modelos de Negócio – O caso da indústria da mídia, da autoria de Paulo Faustino e Ramiro Gonçalez, é apresentada dia 3 de Agosto, às 18h30, na LIVRARIA CULTURA - SHOPPING MARKET PLACE (Marginal Pinheiros), em São Paulo.
A apresentação conta com a participação do Professor Valério de Brittos e Agostinho Branquinho (Ongoing, Administrador). Esta obra estará disponível nas livrarias em Portugal, no Brasil e na Amazon, entre outras livrarias físicas e virtuais.
Este livro, prefaciado pelo Professor Celso Grisi da FEA USP , aborda as transformações que ocorrem na indústria da informação, em particular na indústria de mídia. Num contexto de volatilidade da sociedade, dos consumidores e dos mercados, torna-se fundamental compreender as dinâmicas de mercado, de modo a adoptar as melhores práticas de gestão. A obra contém uma abordagem teórica e prática de importantes questões relativas à gestão estratégica dos mídia tradicionais, reflectindo sobre o reposicionamento dos mesmos face às transformações impostas pela Internet e analisa o seu impacto na disrupção dos negócios e na desmaterialização da economia, particulamente no sector dos media.
Paulo Faustino é doutorado e especializado em economia, gestão e políticas dos media; é docente na Universidade do Porto, Escola Superior de Comunicação Social (Lisboa) e Escola Superior de Edução e Ciências Sociais (Leiria) Está a realizar um PostDoc e está associado a centros de investigação Europeus e Norte Americanos. É presidente da Media XXI/Formalpress.
Ramiro Gonçalez é pesquisador e professor de cursos de MBA, entre eles o da FIA - USP. Actua nas áreas de inteligência competitiva e gestão mercadológica. Tem desenvolvido o seu percurso profissional, conciliando a actividade académica como executivo de importantes empresas multinacionais, sediadas no Brasil.
________________________________________
Ficha Técnica:
Nome: Gestão Estratégica e Modelos de Negócio: O caso da indústria de mídia
Autores: Paulo Faustino e Ramiro Gonçalez
Editora: MediaXXI/ Formalpress (www.mediaxxi.com)
ISBN: 978-989-8143-74-7
Número de Páginas: 310
Preço: 36,59 reais (Brasil) - 16 euros (Europa) - 22,78 dólares (EUA)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

VALOR DO LINKEDIN DISPARA

Os valores das plataformas sociais não param de surpreender o mundo.
Nesta 6a feira- 20 de maio - o valor de mercado do LinkedIn mais do que dobrava em relação ao valor do lançamento das ações.
Explico: quando uma empresa fechada (capital próprio de poucos acionistas) é lançado ao mercado (ações comercializadas em bolsa) isso é chamado de Oferta Pública de Ações.
Como é feito? Imagine que você tem um imóvel que acredita valer R$ 100 mil e quando anuncia (num jornal) vários interessados o procuram e ofertas chegam a mais de R$ 200 mil.

Algo análogo aconteceu ao Linkedin. Às 12h43, as ações da companhia subiam 126%, cotadas acima de US$ 101,8, ante o preço da oferta pública inicial de US$ 45. Com isso, o valor de mercado da empresa superava os US$ 8 bilhões.

LinkedIn está sendo negociada a um preço cerca de 600 vezes maior que o lucro!

Mostra uma tendência. No final de 2010 um banco de investimentos americano também avaliou o FACEBOOK muito acima de sua capacidade de geração de resultados. Evidente que os investidores apostam na capacidade futura de geração de caixa dessas empresas. O interessante é que o LinkedIn é a primeira grande rede social dos Estados Unidos a ir ao mercado e testar seu valor.
Mostrou claramente que existe demanda por ações de empresas como Facebook, Groupon e Twitter.

Parece que apesar da revolução nas plataformas de mídia, o objetivo continua o mesmo: ganhar muito dinheiro.
Novamente surgem dúvidas sobre a sustentabilidade da evolução desses valores. A pergunta frequente e pertinente: isso é uma bolha?
Prof Ramiro Gonçalez - FIA
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Autor: Mídias e Negócios e QUE CRISE É ESSA?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mídias interruptivas x Mídias que engajam

Anunciantes mostram a direção para as Mídias


Em evento realizado em 14/02/2011 em Barcelona ( Mobile World Congress), com a presença dos presidentes do Google, Apple, Microsoft e vários anunciantes, a frase mais marcante veio do Diretor Global de Midia da Unilever: “Estamos mudando a nossa comunicação de meios interruptivos, para meios que geram engajamento”.

A frase sintetiza de forma interessante as dúvidas que assombram veículos e anunciantes. Qual o futuro das mídias tradicionais? Como me posicionar em meio a tantas plataformas?

Saída simples não existe. Mas é atitude inteligente observar o que os Anunciantes pensam a respeito. A UNILEVER é o segundo maior anunciante mundial tendo papel relevante nos mercados americanos e europeus (é o terceiro anunciante no Brasil segundo ranking da revista M&m).

Quem conhece o mercado publicitário sabe que o diretor de Mídia da Unlilever é avaliado por métricas objetivas, portanto suas opiniões refletem tendências de anunciantes. Ao dizer aquela frase ele está sinalizando que o modelo tradicional (com os “intervalos comerciais”) está perdendo força.Desnecessário ser o diretor global de mídia da Unilever para perceber isso. Os efeitos de dispersão de audiência já foram medidos (no Brasil e lá fora) nos comportamentos Zaping (mudança de canal), Surfing (assistir vários canais simultaneamente) e Afastamento (TV ligada para afastar a sensação de solidão).

Soma-se isso a concorrência com a WEB e suas infinitas distrações: FACEBOOK, TWITTER, BLOGS, GOOGLE.

Essa dispersão de audiência (que não é medida pelo IBOPE) tem provocado um movimento dos Anunciantes por novos formatos.

Reality Show e Jornalismo Colaborativo

No Brasil já estamos experimentando a explosão dos reality shows. Este formato foi um alívio para os veículos que puderam convencer os anunciantes a investir nas plataformas tradicionais. Motivo? A possibilidade de se colocar a marca dentro do conteúdo da programação, sem as inúmeras interrupções que possibilitam a fuga da audiência para plataformas concorrentes.

Houve uma corrida dos anunciantes para se posicionar em todos os formatos possíveis de Reality Shows: BBB, FAZENDA, APRENDIZ entre outros. Apesar da evidente saturação que isso causou, mostrou para os veículos que o formato era um filão que não podia ser desprezado (O BBB é o segundo produto mais lucrativo para GLOBO, perdendo apenas para o futebol).

Anunciantes com juízo perceberam que apesar da imensa popularidade (e possibilidade de mesclar conteúdo e marca) do reality show, existiam vários riscos no formato. Conteúdo compatível a junk food (artificial, descartável) poderia contaminar a marca. Afinal Familiaridade não é Favorabilidade.

Há, entretanto, um papel positivo no Reality Show: mostrar que existem possibilidades de outros formatos nas plataformas tradicionais. Ele abriu espaço para experimentação.

Acredito que há oportunidade para formatos onde o conteúdo seja gerado de forma colaborativa. Existem raros exemplos no mundo de mídias tradicionais abertas a conteúdo colaborativo. Alguns conteúdos - como no youtube - mostram que ideias que combinem plataforma tradicional com mídias interativas são possíveis.

O assunto é polêmico, principalmente entre os puristas das regras jornalísticas. Mas não é possível escapar do debate, principalmente com a pressão imposta pelos modelos de negócios (leia-se Anunciantes)

Em Curitiba acabado de ver um telejornal da RPC, onde 70% das imagens, alagamentos causados pelas chuvas, foram produzidos pela própria audiência. Sei que esse conteúdo, gerado pela comunidade, tende a ser visto com sérias restrições pelos jornalistas tradicionais. Mas é miopia ignorar essa tendência.

Os exemplos históricos e recentes (Egito) mostram que aqueles que tentam “segurar onda nos braços, acabam levando um caldo”.

Prof Ramiro Gonçalez - FIA
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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Irracionalidade exuberante 2.0 ou neo-xamanismo: TWITTER vale US$ 10 bilhões?

As especulações sobre o valor das operações do FACEBOOK e do TWITTER lembram mágicas xamãs: sempre misteriosas, mas com efeitos surpreendentes.

O Wall Street Journal publicou ontem que “investidores” avaliam o TWITTER em US$ 10 bilhões . Qualquer análise racional geraria as seguintes perguntas:
i) Qual é a geração de caixa dessa empresa?
ii) Qual o retorno sobre patrimônio líquido?

As técnicas do xamanismo recomendam que essas perguntas nunca sejam respondidas.
Os dados de receitas e lucratividade não são abertos pelo TWITTER (nem pelo The Huffingtom Post, recém comprado pelo AOL).
Os analistas de mercado estimam que as receitas do TWITTER foram de US$ 45 milhões em 2010, podendo chegar a US$ 80 milhões em 2011.
Estamos falando em receitas e não em lucratividade!
Vamos fazer um esforço xamanico e imaginar que estas receitas sejam integralmente lucro.
Quantos anos com essa geração de lucro seria o retorno para os US$ 10 bilhões ?
Meros 125 anos para retornar o investimento...


Evidente que irão dizer: e a perspectivas de aumento futuro de receitas?
Claro que existem. Mas se é tão simples, Qual o motivo que nenhuma grande empresa WEB abre seu Modelo de Negócios? Suas receitas na Web?
Exceção ao Google (que apesar de não abrir seu modelo é uma operação lucrativa) todas as outras têm uma geração de caixa bem inferior ao sua potencial audiência.
O Twitter começou a vender anúncios em Agosto de 2010 não fornece dados objetivos desta iniciativa. Os “tweets” promocionais ainda não se mostraram eficientes nem para o Twitter e nem para os anunciantes.

O Twitter tem o mesmo desafio que FACEBOOK como traduzir a enorme audiência em modelo de negócios.

Com seus 200 milhões de usuários o Twitter deveria ser uma máquina de criação de valor. Deveria, mas esconde seus resultados. Qual motivo?
O mesmo ocorre com o The Huffingtom Post. Nunca mostrou ou abriu seu P&L (profit and loss report) aos analistas. Mas inteligentemente conseguiu vendê-lo ao AOL...

O grande desafio nos próximos anos não é tecnológico, tão pouco trazer audiência, o desafio é fazer todas essas iniciativas serem viáveis economicamente.

Substitui-se uma análise racional por um neo-xamanismo 2.0, vamos ver no que dá.

Prof Ramiro Gonçalez - FIA
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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

MÍDIA AMERICANA EM EBULIÇÃO

As fusões e aquisições na mídia americana proliferam. O motivo: a busca por novos territórios e modelos de negócios.


A Folha de São Paulo de hoje informa que a AOL, portal de internet que ainda busca um modelo de negócios, adquiriu o The Huffington Post (plataforma de notícias que nos EUA virou sinônimo de jornalismo on-line).
Interessante que na visita que Arianna Huffington, cofundadora do site, fez ao Brasil no ano passado, esquivou-se em responder perguntas sobre a estrutura de receitas de seu portal de notícias.
Como quase tudo na WEB é Sucesso de audiência, mas sem clara fonte de receitas ....
O acordo, de US$ 315 milhões (R$ 540 milhões), cria a Huffington Post Media Group, que tem potencial de atingir 270 milhões de visitantes únicos mensais no mundo e 117 milhões nos Estados Unidos.
"Combinando o HuffPost com a rede de sites da AOL, aumentando a iniciativa de vídeos, de foco local e alcance internacional, sabemos que temos uma empresa que pode ter impacto enorme", escreveu Huffington.

Novas Plataformas, Novos modelos de Negócios

Os grupos de mídia americanos buscam se adequar às novas plataformas e criar novas fontes de receitas. Exemplo recente foi o lançamento em janeiro do primeiro jornal exclusivo para iPad, o "Daily" custará US$ 0,99 por semana.
Acredito que a AOL pode ter lançado sua última cartada com a compra do Huffington Post. A AOL viu suas receitas do quarto trimestre de 2010 recuaram 26%, para US$ 600 milhões, em razão da queda de assinantes de internet discada nos EUA e dos anúncios publicitários, sua maior fonte de renda. Em 2010, fechou 2.500 vagas, demitindo praticamente um terço de seus funcionários.
Com certeza a AOL vai aumentar sua audiência, mas novamente não sabemos se suas receitas com publicidade irão crescer na mesma proporção.

Prof Ramiro Gonçalez - FIA
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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A guerra silenciosa das Mídias

Existe uma guerra silenciosa, discreta e muito restrita para definir as fronteiras dos novos territórios de mídia.

Com a Convergência das Mídias se tornando realidade, as teorias de convivência das plataformas de mídia são colocadas em cheque, não por sua viabilidade tecnológica, mas por estruturas de controle acionário.

Vencidas as barreiras tecnológicas e de comportamento do usuário, os domínios de novos territórios (leia-se plataformas) - passam a ser definições de modelos de negócios e controle acionário.

A FASE 1 da convergência já foi ultrapassada: as tecnologias existentes permitem multi-plataformas para as mídias. Todos os grandes veículos impressos no Brasil já desenvolveram seu aplicativo para IPAD. Isso foi (exaustivamente) debatido em voz alta nos mercados.

Com a FASE 2, a situação é bem diferente. Na fase 2 entra o debate sobre modelo de negócios: como ganhar dinheiro e como fazer isso em cada plataforma?
A resposta a estas questões tendem a passar também por aspectos sobre o controle acionário e participação de capital nacional nas novas plataformas. Afinal sabemos que não há - rigorosamente - nenhuma barreira para uma empresa telefônica, por exemplo, a atuar em outras plataformas (i.e. TV PAGA). Sabemos também que o controle acionário dessas empresas é multinacional.
O debate silencioso agora é sobre propriedade cruzada”.
O que é isso? É o domínio, pelo mesmo acionista (ou acionistas), sobre diferentes plataformas (Web, TV aberta, TV paga, rádio, jornal, OOH).
O governo parece adotar um modelo de concessão única. Ou seja, um mesmo acionista detém direitos em várias plataformas. Do ponto de vista de distribuição de conteúdo faz todo o sentido. Do ponto de vista de controle acionário, expulsa concorrência externa.
Como essa medida expulsa a concorrência? Resposta Simples: O Ministério das Comunicações defende a extensão aos meios de comunicação digital (portais) do limite de 30% de capital estrangeiro que hoje vigora para jornal, rádio e TV.
Este é um assunto muito importante (e muito polêmico) que é pouco debatido na mídia (por motivos óbvios).
Acredito que a academia poderia propiciar um ambiente para um debate onde o contraditório pudesse ser observado para cada modelo adotado.
Todos ganhariam com o debate: usuários, clientes, fornecedores, profissionais da mídia e a sociedade.

Prof Ramiro Gonçalez - FIA
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Autor: Mídias e Negócios e QUE CRISE É ESSA?

IMPÉRIO FACEBOOK

Nota: este POST foi originalmente divulgado no BLOG MODOMIDIA de Lanna Morais (Recomendo visitar o MODOMIDIA, muitas novidades por lá)

Era de se imaginar que nada se sustenta muito tempo na WEB. Second Life é um exemplo perfeito de como as novidades chegam e vão. Virou vida de segunda…

Entretanto, o Google parecia dominar isoladamente (e de forma perene) a primeira colocação no mundo digital. Os motivos eram claros: facilidade, relevância e universalidade. Nada mais fácil que digitar uma frase ou uma palavra e obter milhares de significados e explicações para ela.

A relevância está no auxílio incontestável que isso presta a cada usuário no seu dia-a-dia. Estavamos convencidos que nada poderia superar o GOOGLE. Engano digital.

Começam a pipocar evidências que existe algo que pode se contrapor ao Google: O Facebook. Primeiro foi a conquista de 500 milhões de usuários cadastrados em julho de 2010. Isso repercutiu bastante na rede com as equivalências com populações dos países. O Facebook seria o terceiro país no mundo em habitantes. Evidente exagero. Agora o banco de investimentos GOLDMAN SACHS acaba de avaliar o FACEBOOK em US$ 50 bilhões - ou aproximadamente R$ 80 bilhões. Para fazer outra comparação (exagerada), o FACEBOOK valeria mais do que o dobro do valor necessário para construir o trem-bala que conectará RIO- SP.
Está claro que o GOLDMAN SACHS não fez uma avaliação tradicional do valor do FACEBOOK. O valor presente (fluxo de caixa descontado) dificilmente atingiria US$ 50 bilhões – com uma geração de caixa anual ao redor de US$ 2 bilhões que o FACEBOOK possui hoje. No que o GOLDMAN SACHS está apostando? Nas mudanças no comportamento humano que o FACEBOOK traz.


Construi esta hipótese ao observar o comportamento de usuários em Londres:
Num Internet Cafe, perto da estação Bayswater – Hyde Park, é possível ver algo inconcebível há 5 anos: meninas islâmicas usuárias fanáticas do FACEBOOK. Sentado em um dos computadores – numa quarta-feira de janeiro de 2011 – pude observar um batalhão de meninas entre 19 e 25 anos chegando com véus (burcas) cobrindo os rostos. Já que existiam poucas posições nos computadores disponíveis, elas ficavam em fila aguardando seus 15 minutos para usar o FACEBOOK. Meu assento ficava imediatamente na direção do computador que elas estavam usando (eu havia locado o meu por duas horas), então, pude observar surpreso como era o processo.

Todas as meninas (eram 13) entravam na rede pelo FACEBOOK. Uma após outra esperavam sua vez de se conectar à rede de amigos. A curiosidade me fez ficar atento ao movimento. Arrisquei e perguntei (como se não soubesse) o que elas estavam fazendo. A que parecia mais velha no grupo (aproximadamente 25 anos) foi a única a responder: That is FACEBOOK! Ela rapidamente (e com pouca paciência) tentou me explicar o que era “aquilo”. Ouvi atento sua explicação. Quando senti que havia espaço fiz outra pergunta: ‘Seus pais sabem que vocês usam isso?’ Resposta: ‘eles não têm ideia que isso existe…’


Fiquei imaginando as consequências disso no comportamento daquelas meninas. E, mais importante, como o FACEBOOK poderia utilizar a informação disponibilizada por elas.

O FACEBOOK é a prova cabal que não se pode subestimar o poder de recuperação da economia americana. Declínio do império? Difícil imaginar. Onde, afinal, estão os servidores que armazenam os dados dessas meninas? Quem tem mais informações sobre a vida delas: os pais ou o Facebook? Mais do que uma tecnologia em rede, o FACEBOOK e uma tecnologia social. Fica difícil falar em declínio americano quando de f ato eles podem controlar as informações de meninas islâmicas melhor do que seus pais.
Começa a ficar claro o potencial que o GOLDMAN SACHS viu no FACEBOOK.