Mês passado a revista WIRED publicou um artigo com o título “A web está morta. Longa vida para a internet”.
Dois autores consagrados de livros – Cris Anderson e Michael Wolff fizeram a provocação.
Apesar do título sensacionalista, o texto dá o que o pensar. Primeiro ao apresentar uma diferença semântica entre WEB e Internet.
Segundo os autores a WEB é domínio das soluções de busca e a Internet é o domínio da distribuição da informação. Claro que é preciso ser muito rigoroso conceitualmente para admitir essa distinção entre Web e Internet.
Mas vamos considerar que exista essa diferença entre a WEB e a Internet, quais seriam as implicações futuras?
Segundo Anderson e Wolff essa anarquia e democracia existente na Web tem um fim próximo devido a uma única razão: não traz ROI.
Como largamente debatido no meu livro “Mídias e Negócios” o futuro das plataformas está atrelada aos modelos de negócios que as financiam. A constatação dos autores não é nenhuma novidade. O que parece ser uma leitura inteligente deles é que o mercado irá buscar soluções de modelos de negócios na distribuição da informação (que eles chamam de Internet).
O exemplo lapidar deles é o FACEBOOK. Esta ferramenta dissocia seus usuários da WEB. Ele os captura e os mantém o máximo possível dentro de seus domínios.
É uma idéia polêmica, mas interessante. Criar territórios e manter os usuários o máximo possível dentro deles.
Isso já é feito a exaustão pelas mídias tradicionais. As TVs abertas já fazem isso ao vender patrocínio, por exemplo, do BBB.
NOVOS TERRITÓRIOS PARA AS MÍDIAS TRADICIONAIS
Mais do que manter territórios as TVs Abertas estão criando novos territórios - como a Rede Globo que criou a BUS TV com conteúdo de entretenimento e jornalismo.
A tecnologia digital permite que o passageiro de ônibus assista a programação em real time. Isso será levado brevemente as companhias aéreas, sendo que já existe uma negociação REDE GLOBO com a TAM. E não é só a Globo.
O Grupo ABRIL –o mais importante do Brasil em revistas anunciou - em outubro 2010 -que adquiriu o controle de 70% da Elemídia. Mas quem é? O que faz a Elemídia?
A Elemídia é importante ator num setor que cresce 8% ao ano no Brasil: a mídia digital out of home.
Ao entrar no elevador de num grande edifício e assistir notícias e vídeos em um monitor você estará sendo atingido pela mídia OOH.
Neste sentido o Grupo Abril deu mais um passo na integração das mídias. Conteúdo das revistas num elevador, num outro formato.
E não ficou só nisso: a Abril disponibilizou o conteúdo de VEJA para iPad em 4 de setembro último.
Basta fazer o download da VEJA a partir de uma “banca virtual” (ereader), por meio de um aplicativo gratuito, com o mesmo preço da banca (R$8,90) .
Como abordado no livro “MÍDIAS E NEGÓCIOS” a integração das diferentes plataformas ao modelo de negócios será o caminho das grandes corporações de mídia.
Neste sentido as ações da ABRIL mostram uma estratégia consistente em abrir novas frentes através de várias plataformas.
As razões estratégicas que levaram GLOBO e ABRIL a crescer inorganicamente nas plataformas OOH são as constantes apropriações de audiência pelas mídias ON LINE.
Caminhamos para uma TV aberta que será a soma de pequenas audiências nas mais diversas plataformas.
Parece ser uma solução interessante para a pergunta que lançamos no livro “Mídias e Negócios”: o vendaval WEB rouba audiência das plataformas tradicionais, mas não gera receitas na mesma proporção. Como resolver isso?
As soluções apontam para uso de múltiplas plataformas. Por isso o nascimento de uma nova profissão: o gestor e jornalista transmídia. Fiquem atentos, pois o futuro vem surgindo aos poucos.
A ironia é que a TV ABERTA acaba de comemorar 60 anos...
Prof Ramiro Gonçalez
Inteligência de Mercado e Mídias – FIA- USP / UFPR
Autor dos livros: QUE CRISE É ESSA? MÍDIAS e NEGÓCIOS
Mestre em Ciências da comunicação USP
Engenheiro Produção – POLI
Responsável Inteligência de Mercado – FIA USP
Fundador do Grupo de Engenheiros de Produção da Poli
Membro Conselho editorial ABA – ABEP
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
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