Em julho deste ano escrevi sobre os possíveis impactos que o WIKILEAKS poderia gerar na forma como o conteúdo jornalístico é criado.
Era parte de uma análise para o livro "MÍDIAS E NEGÓCIOS", onde estudava as formas de geração de conteúdo colaborativo e sua remuneração.
Nem em sonho poderia imaginar que o impacto do WIKILEAKS atingisse este patamar no final de 2010!
Sem juízo de valor sobre o processo de obtenção dos conteúdos pelo WIKILEAKS, é inegável o impacto nas formas de obtenção de informação primária relevante.
O conselho editorial da TIME já decidiu dar o título de personalidade do ano a JULIEN ASSENGE.
Os sistemas hierárquicos - baseados em doutrinas de cadeia e comando - foram abalados com algo que se transforma organicamente e é rizomático (Recomendo a leitura sobre o conceito de rizoma)
Já mostramos no livro MÍDIAS E NEGÓCIOS que o comportamento em rede é antagônico ao comportamento hierárquico.
Empresas, organizações e escolas que trabalham baseados unicamente na lógica COMANDO-CONTROLE não conseguem entender a dimensão do fenômeno WIKILEAKS. Ao não ter a compreensão do que é o WIKILEAKS, tentam destruí-lo com medidas de força, o que só aumenta seu poder (a rede se fortalece quando atacada).
Prender o Julien Assenge é querer acabar com uma rede destruindo um de seus Nodos. A rede encontra outro caminho...
Novamente usam conceitos hierárquicos para impedir uma ação em rede. Não entenderam nada.
Cabeças do século 19 tentando direcionar jovens do séc. 21. Não dá liga.
Vejam a reação de lugares mais inusitados no vídeo abaixo (em chinês e legendas em inglês --> admirável mundo em rede)
De qualquer forma várias questões estão no ar:
1) Como seria um WIKILEAKS brasileiro recebido pela mídia?
2) Como um jornalista deve analisar a informação liberada?
3) Analisar o WikiLeaks do ponto de vista da dinâmica das redes sociais e da sua interação com as organizações hierárquicas. É um fenômeno novo e exige outra abordagem?;
4) Quais condições permitiram que WikiLeaks - um pequeno grupo de amadores, colocar de joelhos sistemas de poder em todo o mundo?
5) O WikiLeaks é centralizado?
6) Por qual razão o WIKILEAKS priorizou seu relacionamento com a mídia tradicional? (É paradoxal: um fenômeno digital fazer sua divulgação em sistemas tradicionais?)
7) O que explica a enorme solidariedade que WikiLeaks despertou no mundo?
Ainda estou tentando entender a dimensão do que é o WIKILEAKS.
Continuo estudando, aprendendo e criando hipóteses sobre o tema.
Afinal um dos conceitos do comportamento em Rede é não ter certezas e SIM dúvidas que a própria rede pode responder.
Prof Ramiro Gonçalez - FIA
Inteligência de mercado e mídia
@ramirogoncalez -> http://que-midia-e-essa.blogspot.com/
ramirogon@uol.com.br
Autor: Mídias e Negócios e QUE CRISE É ESSA?
ABaixo repito o POST feito no Blog em 12 de julho 2010. Portanto antes deste último vazamento de informações que colocou o mundo em alvoroço
Vem passando despercebida o modelo de geração de conteúdos do WikiLeaks. Para quem não está acompanhando: O wikileaks divulgou na semana passada notas e relatórios de soldados envolvidos na Guerra do Iraque.
Entrei no site para entendê-lo melhor. Quem tiver curiosidade: http://www.wikileaks.org/wiki/Wikileaks
O que tem isso a ver com o debate sobre o futuro das mídias?
O modo como este conteúdo gerado é totalmente não usual (anti-ético ?) e mostra como estamos em um momento de ruptura. O futuro vem em saltos.
Mas como funciona o Wiki leaks?
O criador do Wiki Leaks - Julian Assange - vem publicando desde julho de 2007 informações que ele diz serem importantes para preservar a democracia.
.. could become as important a journalistic tool as the Freedom of Information Act.„
— parece que o Time Magazin concorda, pois há uma citação na página inicial do site.
O WikiLeaks continua uma tradição de revelar na internet informações que o grande público não tem acesso. Informações que muitas vezes ficam restritas aos editores de jornais e revistas. Um dos primeiros eventos com este conceito foi o affair do presidente Bill Clinton com a estagiária Monica Lewinsky em 1998.
Sua coleta de dados parece ter um método: há uma extensa verificação dos dados colhidos e a proteção de suas fontes. O que é surpreendente é que ele apareceu justamente quando as mídias estão em crise e com redução da capacidade de investir em jornalismo investigativo.
Mídias tradicionais como o inglês "Guardian"e o alemão "Der Spiegel" parecem homologar o trabalho ao divulgar as informações do WikiLeaks. O que conquistou os repórteres é a transparência radical da divulgação de documentos originais.
Os desdobramentos nos vetores do futuro das mídias são significativos: Esta é uma alternativa à Geração de conteúdo tradicional? O canal de distribuição é a WEB com apoio das mídias tradicionais? O que sustenta o modelo de negócios? Quais os impactos no direito internacional?
Reconheço que tentar imaginar os impactos da Wikileaks vão além do conhecimento que possuo. Mas é exatamente isso que a torna interessante.
Prof Ramiro Gonçalez - FIA
Inteligência de mercado e mídia
@ramirogoncalez
ramirogon@uol.com.br
sexta-feira, 5 de março de 2010
Quem decide hoje, assistiu TV ontem.... e amanhã?
Quem já trabalhou em grandes anunciantes sabe que a decisão de compra de mídia está impregnada com as referências e repertório de vida que o decisor possui.
Sabemos que as decisões de mídia possuem uma falsa racionalidade econômica - como demonstrado no livro é muito difícil ter métricas seguras de ROI (retorno sobre investimento). Portanto é de se esperar que no fundo a decisão é baseada em critérios pessoais, com claro viés provocado pelo repertório do executivo que trabalha para o anunciante.
Percebe-se que a escolha de mídia é feita subjetivamente em cima de um plano de mídia objetivo (às vezes pode até ocorrer o contrário....), com as métricas conhecidas C.P.M., G.R.P , T.A.R.P. e outras.
O viés principal pode ser entendido através do fato que a geração que está no poder (aquela que está trabalhando para o anunciante e portanto responsável por fazer a escolha das mídias) cresceu com uma televisão no centro da sala de sua casa, com todas as implicações que isso traz (horários rígidos de programação, geração e assimilação de conteúdo mono-tarefa, pouca interatividade com a mídia)
Suas decisões são afetadas (para o bem ou para o mal) por seus paradigmas.
Explica-se em parte o motivo pelo qual a TV aberta ainda é majestade. Mas até quando?
Quando a geração nativa conseguir chegar ao poder (em 5 ou 10 anos) quais serão seus paradigmas? Como a parte subjetiva da decisão pela escolha de mídia será inviesada?
Sabemos que as decisões de mídia possuem uma falsa racionalidade econômica - como demonstrado no livro é muito difícil ter métricas seguras de ROI (retorno sobre investimento). Portanto é de se esperar que no fundo a decisão é baseada em critérios pessoais, com claro viés provocado pelo repertório do executivo que trabalha para o anunciante.
Percebe-se que a escolha de mídia é feita subjetivamente em cima de um plano de mídia objetivo (às vezes pode até ocorrer o contrário....), com as métricas conhecidas C.P.M., G.R.P , T.A.R.P. e outras.
O viés principal pode ser entendido através do fato que a geração que está no poder (aquela que está trabalhando para o anunciante e portanto responsável por fazer a escolha das mídias) cresceu com uma televisão no centro da sala de sua casa, com todas as implicações que isso traz (horários rígidos de programação, geração e assimilação de conteúdo mono-tarefa, pouca interatividade com a mídia)
Suas decisões são afetadas (para o bem ou para o mal) por seus paradigmas.
Explica-se em parte o motivo pelo qual a TV aberta ainda é majestade. Mas até quando?
Quando a geração nativa conseguir chegar ao poder (em 5 ou 10 anos) quais serão seus paradigmas? Como a parte subjetiva da decisão pela escolha de mídia será inviesada?
quinta-feira, 4 de março de 2010
Como a TV ABERTA vai se posicionar?
Os primeiros leitores do livro já contribuíram com o autor para encontrar algumas respostas para a convivência das mídias.
A mais requente contribuição está relacionada a perda de audiência da TV e a migração para a mídia on line.
Minha visão é que a TV caminhará para um posicionamento: eventos coletivos e ao vivo. Com horário rígidos de programação e com conteúdo extremamente perecível.
Eventos com horário pré-agendado: jogo de futebol, reality shows, eventos esportivos. Estes momentos serão compartilhados por um conjunto de usuários na TV ABERTA. Evidente que catástrofes ou acidentes também terão como canal a TV ABERTA.
As análises destes eventos, com reflexões e debates serão feitas ´pela TV PAGA ou sites especializados. Cada um irá procurar a profundidade que tiver interesse.
Estas tendências serão confirmadas (ou não) em novas pesquisas que realizaremos.
Abs. Ramiro
A mais requente contribuição está relacionada a perda de audiência da TV e a migração para a mídia on line.
Minha visão é que a TV caminhará para um posicionamento: eventos coletivos e ao vivo. Com horário rígidos de programação e com conteúdo extremamente perecível.
Eventos com horário pré-agendado: jogo de futebol, reality shows, eventos esportivos. Estes momentos serão compartilhados por um conjunto de usuários na TV ABERTA. Evidente que catástrofes ou acidentes também terão como canal a TV ABERTA.
As análises destes eventos, com reflexões e debates serão feitas ´pela TV PAGA ou sites especializados. Cada um irá procurar a profundidade que tiver interesse.
Estas tendências serão confirmadas (ou não) em novas pesquisas que realizaremos.
Abs. Ramiro
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