sexta-feira, 5 de março de 2010

O PARADOXO DO WIKILEAKS CRIA IMPASSE NO JORNALISMO

Em julho deste ano escrevi sobre os possíveis impactos que o WIKILEAKS poderia gerar na forma como o conteúdo jornalístico é criado.
Era parte de uma análise para o livro "MÍDIAS E NEGÓCIOS", onde estudava as formas de geração de conteúdo colaborativo e sua remuneração.
Nem em sonho poderia imaginar que o impacto do WIKILEAKS atingisse este patamar no final de 2010!
Sem juízo de valor sobre o processo de obtenção dos conteúdos pelo WIKILEAKS, é inegável o impacto nas formas de obtenção de informação primária relevante.
O conselho editorial da TIME já decidiu dar o título de personalidade do ano a JULIEN ASSENGE.
Os sistemas hierárquicos - baseados em doutrinas de cadeia e comando - foram abalados com algo que se transforma organicamente e é rizomático (Recomendo a leitura sobre o conceito de rizoma)

Já mostramos no livro MÍDIAS E NEGÓCIOS que o comportamento em rede é antagônico ao comportamento hierárquico.
Empresas, organizações e escolas que trabalham baseados unicamente na lógica COMANDO-CONTROLE não conseguem entender a dimensão do fenômeno WIKILEAKS. Ao não ter a compreensão do que é o WIKILEAKS, tentam destruí-lo com medidas de força, o que só aumenta seu poder (a rede se fortalece quando atacada).

Prender o Julien Assenge é querer acabar com uma rede destruindo um de seus Nodos. A rede encontra outro caminho...
Novamente usam conceitos hierárquicos para impedir uma ação em rede. Não entenderam nada
.
Cabeças do século 19 tentando direcionar jovens do séc. 21. Não dá liga.
Vejam a reação de lugares mais inusitados no vídeo abaixo (em chinês e legendas em inglês --> admirável mundo em rede)


De qualquer forma várias questões estão no ar:

1) Como seria um WIKILEAKS brasileiro recebido pela mídia?
2) Como um jornalista deve analisar a informação liberada?
3) Analisar o WikiLeaks do ponto de vista da dinâmica das redes sociais e da sua interação com as organizações hierárquicas. É um fenômeno novo e exige outra abordagem?;
4) Quais condições permitiram que WikiLeaks - um pequeno grupo de amadores, colocar de joelhos sistemas de poder em todo o mundo?
5) O WikiLeaks é centralizado?
6) Por qual razão o WIKILEAKS priorizou seu relacionamento com a mídia tradicional? (É paradoxal: um fenômeno digital fazer sua divulgação em sistemas tradicionais?)
7) O que explica a enorme solidariedade que WikiLeaks despertou no mundo?

Ainda estou tentando entender a dimensão do que é o WIKILEAKS.
Continuo estudando, aprendendo e criando hipóteses sobre o tema.
Afinal um dos conceitos do comportamento em Rede é não ter certezas e SIM dúvidas que a própria rede pode responder.

Prof Ramiro Gonçalez - FIA
Inteligência de mercado e mídia
@ramirogoncalez -> http://que-midia-e-essa.blogspot.com/
ramirogon@uol.com.br
Autor: Mídias e Negócios e QUE CRISE É ESSA?

ABaixo repito o POST feito no Blog em 12 de julho 2010. Portanto antes deste último vazamento de informações que colocou o mundo em alvoroço

Vem passando despercebida o modelo de geração de conteúdos do WikiLeaks. Para quem não está acompanhando: O wikileaks divulgou na semana passada notas e relatórios de soldados envolvidos na Guerra do Iraque.
Entrei no site para entendê-lo melhor. Quem tiver curiosidade: http://www.wikileaks.org/wiki/Wikileaks
O que tem isso a ver com o debate sobre o futuro das mídias?
O modo como este conteúdo gerado é totalmente não usual (anti-ético ?) e mostra como estamos em um momento de ruptura. O futuro vem em saltos.

Mas como funciona o Wiki leaks?
O criador do Wiki Leaks - Julian Assange - vem publicando desde julho de 2007 informações que ele diz serem importantes para preservar a democracia.
.. could become as important a journalistic tool as the Freedom of Information Act.„
— parece que o Time Magazin concorda, pois há uma citação na página inicial do site.
O WikiLeaks continua uma tradição de revelar na internet informações que o grande público não tem acesso. Informações que muitas vezes ficam restritas aos editores de jornais e revistas. Um dos primeiros eventos com este conceito foi o affair do presidente Bill Clinton com a estagiária Monica Lewinsky em 1998.
Sua coleta de dados parece ter um método: há uma extensa verificação dos dados colhidos e a proteção de suas fontes. O que é surpreendente é que ele apareceu justamente quando as mídias estão em crise e com redução da capacidade de investir em jornalismo investigativo.
Mídias tradicionais como o inglês "Guardian"e o alemão "Der Spiegel" parecem homologar o trabalho ao divulgar as informações do WikiLeaks. O que conquistou os repórteres é a transparência radical da divulgação de documentos originais.
Os desdobramentos nos vetores do futuro das mídias são significativos: Esta é uma alternativa à Geração de conteúdo tradicional? O canal de distribuição é a WEB com apoio das mídias tradicionais? O que sustenta o modelo de negócios? Quais os impactos no direito internacional?
Reconheço que tentar imaginar os impactos da Wikileaks vão além do conhecimento que possuo. Mas é exatamente isso que a torna interessante.

Prof Ramiro Gonçalez - FIA
Inteligência de mercado e mídia
@ramirogoncalez
ramirogon@uol.com.br

Quem decide hoje, assistiu TV ontem.... e amanhã?

Quem já trabalhou em grandes anunciantes sabe que a decisão de compra de mídia está impregnada com as referências e repertório de vida que o decisor possui.
Sabemos que as decisões de mídia possuem uma falsa racionalidade econômica - como demonstrado no livro é muito difícil ter métricas seguras de ROI (retorno sobre investimento). Portanto é de se esperar que no fundo a decisão é baseada em critérios pessoais, com claro viés provocado pelo repertório do executivo que trabalha para o anunciante.
Percebe-se que a escolha de mídia é feita subjetivamente em cima de um plano de mídia objetivo (às vezes pode até ocorrer o contrário....), com as métricas conhecidas C.P.M., G.R.P , T.A.R.P. e outras.
O viés principal pode ser entendido através do fato que a geração que está no poder (aquela que está trabalhando para o anunciante e portanto responsável por fazer a escolha das mídias) cresceu com uma televisão no centro da sala de sua casa, com todas as implicações que isso traz (horários rígidos de programação, geração e assimilação de conteúdo mono-tarefa, pouca interatividade com a mídia)
Suas decisões são afetadas (para o bem ou para o mal) por seus paradigmas.
Explica-se em parte o motivo pelo qual a TV aberta ainda é majestade. Mas até quando?
Quando a geração nativa conseguir chegar ao poder (em 5 ou 10 anos) quais serão seus paradigmas? Como a parte subjetiva da decisão pela escolha de mídia será inviesada?

quinta-feira, 4 de março de 2010

Como a TV ABERTA vai se posicionar?

Os primeiros leitores do livro já contribuíram com o autor para encontrar algumas respostas para a convivência das mídias.
A mais requente contribuição está relacionada a perda de audiência da TV e a migração para a mídia on line.
Minha visão é que a TV caminhará para um posicionamento: eventos coletivos e ao vivo. Com horário rígidos de programação e com conteúdo extremamente perecível.
Eventos com horário pré-agendado: jogo de futebol, reality shows, eventos esportivos. Estes momentos serão compartilhados por um conjunto de usuários na TV ABERTA. Evidente que catástrofes ou acidentes também terão como canal a TV ABERTA.
As análises destes eventos, com reflexões e debates serão feitas ´pela TV PAGA ou sites especializados. Cada um irá procurar a profundidade que tiver interesse.
Estas tendências serão confirmadas (ou não) em novas pesquisas que realizaremos.
Abs. Ramiro