Devemos repensar a mídia.
Faz dezoito meses que pesquiso e visito blogs e site de notícias. Um veículo importante pediu um estudo sobre novas formas de monetizar o conteúdo jornalístico.Para entender como seria possível encontrar novas formas de remunerar o conteúdo, realizei pesquisa com 120 blogs de jornais e revistas. Procurei me concentrar naqueles 87% de blogs e colunas que permitiam comentários. Sendo que apenas 7% interagiam com os participantes. Isto já é uma conclusão: as mídias continuam gerenciadas de modo unidirecional.Não entenderam como será o processo no futuro: interação será fundamental.A premissa do estudo é que há valor econômico no comentário, pois: * é preciso moderar – portanto gasta-se tempo do jornalista; * o blog é juridicamente responsável pelos comentários e * o comentarista tem publicidade de suas ideias.Alguns achados da pesquisa:1) 62% dos leitores, imediatamente após a leitura de uma matéria de seu interesse buscam os comentários. Há indícios que em alguns casos os comentários são mais relevantes (para os leitores) que a própria notícia (estou investigando essa hipótese);2) 8% dos leitores que leem notícias sobre cotidiano, política e esportes fazem questão de comentar a notícia.Uma das conclusões é que poder interagir é o novo valor econômico no jornalismo.Por outro lado também há valor econômico nos comentários e, portanto, deveriam remuneraros comentaristas, pois:(estas hipóteses são méritos do Roberto TAKATA, num debate no NEF)>> Complementam ou corrigem a informação;>> Representam audiência ao blog e dão informação demográfica;>> Estabelecem vínculos duradouros e uma comunidade de comentaristas.Agora ficamos sabendo por NELSON DE SÁ (FSP) que o Wall Street Journal está lançando o WSJ Social, que filtra o conteúdo do jornal para criar um produto “dentro das paredes do Facebook”. Os usuários escolhem os assuntos que querem seguir “e isso determina o que vão ver”. Segundo Maya Baratz, chefe de novos produtos do jornal, “no WSJ Social todo usuário é um editor”.É muito difícil para as cabeças hierárquicas nas mídias entenderem que a assimetria de poder na edição de notícias está se reduzindo. Isso não significa mais qualidade, significa que é uma tendência. Ponto.O Wall Street Journal criou uma sinergia com objetivos estratégicos do Facebook, de oferecer conteúdo noticioso para manter as pessoas no site. Em suma, ser a porta de entrada, uso e de saída internet.Os editores de conteúdo precisam entender que parte da remuneração jornalística, virá da interação editor-leitor e leitor-leitor. E os donos dos veículos perceberão que parte da audiência está disposta a pagar por isso.Uma conferência para desenvolvedores de conteúdos interativos – que possui organizações como CNN, Washington Post e Huffington Post - está debatendo justamente o assunto.NELSON DE SÁ vai direto ao ponto ao pinçar um comentário de Jeff Bercovici, da Forbes:O Facebook é amigo das empresas jornalísticas ou seu rival? A matemática é cruel: quanto mais tempo os consumidores passam no Facebook, menos tempo têm para os sites de notícias. Agora o “WSJ” tem o que acredita ser uma resposta ao problema.O Twitter também percebeu o fenômeno: 50 milhões de usuários acessam TODO DIA o Twitter para compartilhar seus pensamentos e descobrir o que está acontecendo no mundo.Essa mudança drástica no comportamento no uso da mídia é uma das saídas para viabilizar conteúdo de qualidade.Poucos veículos já perceberam esse caminho.A interação deve ter valor econômico
Prof Ramiro Gonçalez - FIA
Inteligência de mercado e mídia
@ramirogoncalez -> http://que-midia-e-essa.blogspot.com/
ramirogon@uol.com.br
Autor: Mídias e Negócios e QUE CRISE É ESSA?