segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Há valor econômico em comentários em notícias ?


Devemos repensar a mídia. 

Faz dezoito meses que pesquiso e visito blogs e site de notícias. Um veículo importante pediu um estudo sobre novas formas de monetizar o conteúdo jornalístico.
Para entender como seria possível encontrar novas formas de remunerar o conteúdo, realizei pesquisa com 120 blogs de jornais e revistas. Procurei me concentrar naqueles 87% de blogs e colunas que permitiam comentários. Sendo que apenas 7% interagiam com os participantes. Isto já é uma conclusão: as mídias continuam gerenciadas de modo unidirecional.
Não entenderam como será o processo no futuro: interação será fundamental.
A premissa do estudo é que há valor econômico no comentário, pois:
 * é preciso moderar – portanto gasta-se tempo do jornalista;
 * o blog é juridicamente responsável pelos comentários e
 * o comentarista tem publicidade de suas ideias.
Alguns achados da pesquisa:
1) 62% dos leitores, imediatamente após a leitura de uma matéria de seu interesse buscam os comentários. Há indícios que em alguns casos os comentários são mais relevantes (para os leitores) que a própria notícia (estou investigando essa hipótese);
2) 8% dos leitores que leem notícias sobre cotidiano, política e esportes fazem questão de comentar a notícia.
Uma das conclusões é que poder interagir é o novo valor econômico no jornalismo.
Por outro lado também há valor econômico nos comentários e, portanto, deveriam remuneraros comentaristas, pois:
(estas hipóteses são méritos do Roberto TAKATA, num debate no NEF)
>> Complementam ou corrigem a informação;
>> Representam audiência ao blog e dão informação demográfica;
>> Estabelecem vínculos duradouros e uma comunidade de comentaristas.
Agora ficamos sabendo por NELSON DE SÁ (FSP) que o Wall Street Journal está lançando  o WSJ Social, que filtra o conteúdo do jornal para criar um produto “dentro das paredes do Facebook”. Os usuários escolhem os assuntos que querem seguir “e isso determina o que vão ver”. Segundo Maya Baratz, chefe de novos produtos do jornal, “no WSJ Social todo usuário é um editor”.
É muito difícil para as cabeças hierárquicas nas mídias entenderem que a assimetria de poder na edição de notícias está se reduzindo. Isso não significa mais qualidade, significa que é uma tendência. Ponto.
O Wall Street Journal criou uma sinergia com objetivos estratégicos do Facebook, de oferecer conteúdo noticioso para manter as pessoas no site. Em suma, ser a porta de entrada, uso e de saída internet.
Os editores de conteúdo precisam entender que parte da remuneração jornalística, virá da interação editor-leitor e leitor-leitor. E os donos dos veículos perceberão que parte da audiência está disposta a pagar por isso.
Uma conferência para desenvolvedores de conteúdos interativos – que possui organizações como CNN, Washington Post e Huffington Post - está debatendo justamente o assunto.
NELSON DE SÁ vai direto ao ponto ao pinçar um comentário de Jeff Bercovici, da Forbes:
O Facebook é amigo das empresas jornalísticas ou seu rival? A matemática é cruel: quanto mais tempo os consumidores passam no Facebook, menos tempo têm para os sites de notícias. Agora o “WSJ” tem o que acredita ser uma resposta ao problema.
O  Twitter  também percebeu o fenômeno: 50 milhões de usuários acessam TODO DIA o  Twitter para compartilhar seus pensamentos e descobrir o que está acontecendo no mundo.
Essa mudança drástica no comportamento no uso da mídia é uma das saídas para viabilizar conteúdo de qualidade.
Poucos veículos já perceberam esse caminho.

A interação deve ter valor econômico



Prof Ramiro Gonçalez - FIA
Inteligência de mercado e mídia
@ramirogoncalez -> http://que-midia-e-essa.blogspot.com/
ramirogon@uol.com.br
Autor: Mídias e Negócios e QUE CRISE É ESSA?